sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

CRISE ECONÔMICA ATUAL

Sabemos que o mundo hoje é mais rico, cada vez mais rico, mas também é cada vez mais desigual. Enquanto que algumas centenas de milhares de investidores no mercado financeiro se desesperam com a crise, bilhões de pessoas no mundo ainda vivem em fome crônica, falta de acesso à saúde e habitação, além da falta de água. Quem se beneficia com a crise – porque ela vai passar – e quem fica cada vez mais à margem da especulação financeira, que poucos investimentos diretamente produtivos geram? A economia real representa hoje muito pouco se comparada às transações realizadas no mercado da especulação financeira (produção de dinheiro a partir do dinheiro e não da produção de riqueza real). A atual crise econômica mundial é reflexo dos desmandos do capital, a quem parece que as pessoas devem servir. Por que não colocar o capital à serviço das pessoas? As crises do capitalismo atual podem ser atribuídas, principalmente, às tendências ao monopólio e oligopolização dos mercados e o lucrar sem produzir. Como entendê-la? Vejamos cronologicamente como ela se deu.
  • 2001: com a economia em recessão, os EUA baixam os juros para estimular a produção econômica; juros mais baixos permitem empréstimos mais baratos e prestações menores dos bens adquiridos; entretanto, há risco de inflação, isto é, o aumento da demanda pode não ser acompanhado do aumento da produção, ou seja, Procura>Oferta); naquele ano, o financiamento de imóveis era feito para pessoas de alta renda (Prime); com a queda dos juros, foi facilitado o financiamento de imóveis para a população de baixa renda (Subprime) e houve expansão da construção civil. 
  • 2002/2003: multiplicaram-se os empréstimos imobiliários a juros baixos, iniciando uma bolha especulativa (baseado em títulos negociados, novos títulos são emitidos, o que aumenta o valor dos negócios). 
  • 2004: aumento da inflação e endividamento do Estado, tanto em razão do corte de impostos para os ricos como pelos gastos com a guerra contra o Iraque e ocupação do Afeganistão; isso provocou a elevação dos juros, o que levou ao aumento dos valores dos empréstimos imobiliários e das prestações de hipotecas; em contrapartida, não houve aumento da renda dos devedores. 
  • 2006/2007: começa a inadimplência dos devedores e a consequente retomada dos imóveis pelas instituições financeiras que haviam feito os empréstimos anteriormente em uma conjuntura de juros baixos; com isso, a oferta ficou maior que a procura, derrubando os preços e provocando a perda de valor dos títulos (crise subprime), o que descapitalizou instituições financeiras e provocou a queda nas bolsas de valores. 
  • 2008: o capital rapidamente migra para as commodities agrícolas, provocando alta nas cotações internacionais de grãos e crise alimentar em países pobres que dependem da importação de alimentos; começa a quebradeira de bancos e instituições financeiras porque parte do patrimônio destes eram baseados em títulos e que devem ser pagos em dinheiro; com isso, os investidores correm aos bancos para resgatar seus títulos, mas os bancos não têm dinheiro, levando o governo a injetar dinheiro nas mesmas para evitar quebras e falências, estatizar empresas com risco de falência e garantir depósitos feitos por clientes de bancos (essa política de intervenção está na contramão da política neoliberal); a crise se espalha pelo mundo; os EUA são o maior importador, mas passa a importar menos, o que se reflete nos países exportadores; EUA, União Europeia e Japão entram em recessão, com redução da atividade econômica, queda no consumo e desemprego; no Brasil, há queda nas exportações e importações e queda no valor da produção industrial, gerando também desemprego, entretanto, a base econômica brasileira estava mais sólida que nos outros países, o que levou o país a entrar depois e sair antes da crise. 
  • 2009/2010: a crise se espacializa pelo mundo, marcando o ano de 2009 de profunda recessão e a recuperação a partir de 2010. 
  • 2011: a crise atinge em cheio o mundo capitalista desenvolvido e países como Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha acusam o golpe com mais intensidade; são os chamados PIGS; estes países estão na periferia da Europa Ocidental, notadamente no Mediterrâneo, região que junto à Europa Oriental é menos desenvolvida; a Espanha é recordista em desemprego já há algum tempo e hoje beira os 17% de sua população ativa; Espanha e Portugal iniciam seu real desenvolvimento a partir da década de 1970, com uma efetiva industrialização e se beneficiam de sua entrada no Mercado Comum Europeu em meados da década de 1980; já a Grécia é acusada de mascarar seus balanços a fim de poder entrar na zona do euro e hoje busca ajuda junto ao Banco Central Europeu, que tem sede em Frankfurt, na Alemanha, maior economia europeia. 
  • 2012: o mundo vai acabar, mas sempre é bom lembrar que parece que ele já acabou para aqueles bilhões de habitantes da nossa Terrinha, há muito tempo; se o mundo não acabar, especuladores continuarão fazendo farra com o dinheiro e novas crises virão, rendendo várias e várias análises econômicas e vendas de notícias mundo afora, além de algumas tentativas para entendê-las, como a presente. 

PENSE GEOGRAFIA, PENSEGEO!

Um comentário:

  1. Muito bom esse material para entender um pouco da crise mundial. Parabéns. Sonia Romero

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