segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A URBANIZAÇÃO NO BRASIL

Veja esta questão da UFRGS

(UFGRS 2007) Sobre o processo de urbanização brasileiro recente, á correto afirmar que
(A) A concentração das grandes indústrias nas áreas centrais das cidades tem 
aumentado, intensificando-se, com isso, o processo de verticalização em suas áreas 
periféricas.
(B) As grandes metrópoles têm investido intensamente em áreas de lazer, criando a cidade 
informal.
(C) Diretrizes gerais para a política urbana e a execução de políticas municipais de 
desenvolvimento urbano são estabelecidas pelo Estatuto da Cidade, criado em 2001. 
(D) As redes urbanas, com o acelerado processo de urbanização nas últimas décadas,
vêm sendo substituídas pelos centros sub-regionais locais.
(E) As metrópoles nacionais e regionais desaparecem da hierarquia urbana, dando lugar 
às metrópoles locais, devido ao processo de globalização e ao surgimento de muitos 
tecnopolos

Concentração de indústrias nas áreas centrais e verticalização nas áreas periféricas é besteira, assim como investimentos em áreas de lazer criando a cidade informal (a informalidade está ligada aos aspectos marginais da economia urbana, como favelização e mercado informal). Uma rede urbana é um conjunto articulado e hierarquizado entre cidades de tamanhos e funções diferentes, então centros regionais ou sub-regionais fazem parte dessa hierarquia. E na atual fase de globalização temos o surgimento de metrópoles globais. Sendo a rede urbana esse conjunto de cidades de vários tamanhos que estabelecem entre si relações socioeconômicas e políticas, na mesma, há cidades que exercem maior influência sobre as outras caracterizando a hierarquia urbana. A importância das cidades na organização do espaço deriva de sua capacidade de oferecer mercadorias e serviços para um mercado consumidor amplo, maior que o do próprio núcleo urbano. O grau de importância de cada cidade depende da extensão do mercado atingido pelas mercadorias e serviços que distribui. Existem hoje dois modelos para se entender o quadro da hierarquia urbana no Brasil: o modelo industrial e o modelo informacional. O modelo industrial baseia-se na realidade de que as cidades não vivem isoladas umas das outras, necessitando que as mesmas estabeleçam relações e intercâmbio de produtos e de serviços. A hierarquia está associada à dependência dos centros menores em relação aos maiores centros, que oferecem uma economia mais diversificada, maior variedade de mercadorias e de serviços. Assim, os centros maiores exercem maior hierarquia, já que têm a capacidade de coordenar os principais fluxos de mercadorias, de serviços e de capitais, o quer acaba por influenciar as atividades dos centros menores. Segundo esse modelo, a hierarquia urbana brasileira apresenta nove metrópoles (originais de 1973), sendo duas nacionais (São Paulo e Rio de Janeiro) e sete regionais (Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém). No patamar logo abaixo se encontram as capitais regionais (sentido econômico do termo), influenciadas pelas metrópoles com as quais se complementam, e polarizando a rede urbana de regiões menores; sua importância deriva das funções políticas e administrativas no caso de serem também capitais estaduais (sentido administrativo do termo) e por serem importantes centros distribuidores, sendo consideradas metrópoles incompletas. Por fim, no patamar inferior, temos os centros regionais e os centros ou cidades locais; os primeiros têm maior abrangência que os centros locais e oferecem mercadorias e serviços não encontrados nestes; os centros locais atendem às populações locais e rurais vizinhas com mercadorias simples e serviços básicos. O modelo informacional resulta do processo de modernização econômica. O desenvolvimento dos transportes e comunicações reduziu distâncias e possibilitou a desconcentração das atividades econômicas, com a afirmação de novas cidades como importantes espaços de produção e circulação e que são coordenadas a partir de diretrizes estabelecidas nas grandes metrópoles nacionais e mundiais. Segundo esse modelo, São Paulo é considerada metrópole mundial, pois é a partir dela que as atividades realizadas no território nacional são integradas aos principais circuitos da economia internacional. As demais metrópoles passam a ter abrangência nacional. Para o IBGE, hoje existem doze metrópoles plenas: São Paulo, Rio de Janeiro (globais) Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza (nacionais), Belém, Goiânia, Campinas e Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (regionais). A Constituição de 1988 facultou aos estados a instituição de regiões metropolitanas, sendo definidas outras onze denominadas regiões metropolitanas emergentes: São Luís, Natal, Maceió, Vale do Aço (MG), Vitória, Baixada Santista (SP), Londrina, Maringá, Florianópolis, Norte/Nordeste Catarinense e Vale do Itajaí (SC). Considerando-se as regiões metropolitanas brasileiras, as mesmas representam 40,31% da população total do país, sendo que cerca de 30% nas nove metrópoles originais (dados de 2000). Nas regiões metropolitanas plenas há um alto grau de urbanização e a cidade principal, a metrópole, tem mais de 1 milhão de habitantes e variadas funções urbanas. O IBGE usa de dois critérios para caracterizar as cidades próximas à cidade principal como município contíguo ou aglomeração urbana integrada: a cidade deve ter uma densidade demográfica igual ou superior a 60 hab/km² e pelo menos 65% da força de trabalho devem estar empregados em atividades tipicamente urbanas, como a indústria, o comércio e os serviços. Esses critérios excluem a cidade de Manaus da categoria de região metropolitana plena, mesmo que a cidade tenha cerca de 1,5 milhões de habitantes, já que os municípios vizinhos não formam uma aglomeração urbana integrada. Com um grau menor de urbanização, temos as regiões metropolitanas emergentes, cuja cidade principal tem uma população inferior a 1 milhão de habitantes. Entretanto, os critérios de densidade demográfica e ocupação em atividades tipicamente urbanas continuam presentes na caracterização do município contíguo. Por essa razão, Manaus continua fora da classificação de região metropolitana. Entretanto, na última década, temos a afirmação de cidades médias no espaço urbano brasileiro. Alguns autores têm chamado esse processo de desmetropolização. Quando o crescimento transforma as vantagens obtidas para a concentração das atividades em desvantagens, como congestionamentos, leis ambientais, pressão por maiores salários, custo do solo, entre outros, caracterizando limites para o crescimento, temos um processo de desconcentração econômica, onde novos centros urbanos se afirmam. Atualmente, o maior crescimento populacional não está nas grandes metrópoles e sim nas cidades médias do interior. Mas isso não significa diminuição da importância econômica das metrópoles e sim é reflexo de uma nova distribuição territorial do trabalho. Ao mesmo tempo, nas regiões metropolitanas, as metrópoles têm crescido menos do que as cidades a elas conurbadas. Não esqueça que são intensos os movimentos pendulares nas regiões metropolitanas. A resposta correta é LETRA C

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