terça-feira, 27 de março de 2012

AS COREIAS

O nome Coreia deriva da dinastia Koryo, fundada a partir da unificação da península coreana no século VII, antes dividida em três reinos. No decorrer de sua história foi dominada por russos, japoneses, chineses e mongóis. Em1895, ocorreu uma rebelião contra o domínio chinês, o que permitiu a entradado Japão no país que seria posteriormente anexado. A ocupação japonesa tentou impor seu padrão cultural - inclusive forçando o ensino da língua emsubstituição à coreana – e reorganizou a economia. Na II Guerra Mundial, milhares de coreanos foram levados ao Japão e submetidos a trabalhos forçados. Com a derrota japonesa para os aliados, a Coreias foram divididas em duas zonas militares: a do norte sob controle dos soviéticos e a do sul sob o controle dos EUA. Em 1947 formaram-se dois Estados, um capitalista (Coreia do Sul) e outro comunista (Coreia do Norte), mas ambos governos não reconheciam um ao outro. Em 1950 eclode a Guerra da Coreia, quando a do norte invade a do sul, com imediata intervenção dos EUA. Este ataca a Coreia do Norte, mas a China impede que os EUA a tomassem. Em 1953 foi assinado um armistício e definida a fronteira no paralelo 38. Após anos de isolamento e na esteira da crise asiática de 1997 e de inundações no país do norte, inicia-se uma distensão entre os dois países, com o envio de auxílio humanitário por parte da Coreia do Sul, o que enseja o presidente sul-coreano a propor uma reaproximação pelo que chamou de Política da Luz do Sol. Entretanto, em 2005 as relações se esfriam, quando os norte-coreanos afirmam possuir um programa nuclear. Esta revelação rompe fronteiras e passa a ser motivo de preocupação no mundo, afinal, poderia ser o possível início de um novo conflito, sendo que agora de proporções maiores. É bom lembrar que o grande aliado norte-coreano era a União Soviética e com o fim desse país a situação econômica piorou. As enchentes de 1997 revelaram a insuficiência na produção de alimentos por parte da Coreia do Norte, que, além da ajuda do vizinho do sul também foi ajudado pelos EUA e Japão. Por isso a revelação causou forte impacto na comunidade internacional. Mesmo com a abertura econômica em 1997, quando houve modernização tecnológica, a criação de novas zonas industriais e turísticas e cooperação empresarial com outros países, a Coreia do Norte continuou comunista e com a política de partido único, sob o governo de Kim Jong II. Enquanto isso, a Coreia do Sul é tida como um dos Tigres Asiáticos, com grande crescimento econômico, sendo um país exportador principalmente de produtos eletrônicos e automóveis. A crise de 1997 levou bancos e conglomerados à falência, promoveu demissões em massa, desvalorização da moeda, sendo que na atualidade a situação é mais estável, mas há sinais de que a nova crise que se estabeleceu no mundo em 2008 possa novamente trazer recessão ao país. 


A Coreia do Norte é considerada o país mais fechado do mundo, além de ser um Estado militarizado, com 5,8 milhões de soldados ativos e reservistas (1/4 da população do país); em 1994, assinou um acordo com os EUA, comprometendo-se a abrir mão de seu programa nuclear, até que George W. Bush incluiu o país no chamado “eixo do mal”, com Cuba, Líbia, Irã e Iraque, anunciando que a Coreia do Norte havia admitido que mantinha um programa nuclear secreto para fabricar armas nucleares, pretexto utilizado para suspender as exportações de petróleo para o país asiático; a Coreia do Norte se retirou do Tratado de Não-Proliferação Nuclear – que visa conter a expansão de arsenais atômicos – e, depois de se sentar à mesa com os EUA para discutir a questão (havia anunciado que possuía plutônio suficiente para fabricar armas atômicas), larga as negociações e anuncia que dispõe da bomba atômica, o que, na visão norte-coreana, é uma salvaguarda para uma hipotética intervenção no país; em 2006, realizou testes com mísseis balísticos, com suposta capacidade de atingir alvos no Havaí e Alasca (que fracassaram, segundo as agências noticiosas) mas que serviram de alerta para o mundo. A resposta foi imediata, com o Japão anunciando sanções ao país e os EUA enviando navios de guerra para a costa do mesmo. Tudo isso dentro de um quadro em que o governo norte-coreano havia assinado um acordo em que prometia abandonar seu programa nuclear em troca de cooperação econômica, mas também de um reator nuclear para fins pacíficos. 

Porém, o lançamento de um suposto satélite previsto no início de abril pela Coreia do Norte é uma provocação grave, segundo o governo sul-coreano, ao qual o regime norte-coreano respondeu advertindo que considerará uma "ação hostil" qualquer discussão a respeito desse tema na ONU, o que pode provocar o rompimento das negociações diplomáticas sobre seu desarmamento. Apesar das advertências internacionais, a Coreia do Norte anunciou que colocará em órbita um "satélite de telecomunicações". Washington, Tóquio e Seul temem que seja na realidade do teste de um míssil de longo alcance. Se o lançamento for efetuado, considerado uma provocação, será muito difícil determinar imediatamente se é um míssil de longo alcance ou de um foguete para pôr em órbita um satélite, já que ambos os artefatos são propulsados por lançadores de tecnologia semelhante. À espera do lançamento, a Marinha norte-americana já preparou dois destroieres equipados com sistemas de defesa antimísseis frente à costa do Japão. A Coreia do Norte ameaça retomar/expandir seu programa nuclear caso seja submetido a sanções. 

RESUMINDO 

Após a Guerra da Coreia (50-53), foi dividida em Coreia do Sul (capitalista, um dos Tigres) e Coreia do Norte (socialista e empobrecida); existem conversações para a reunificação; a maior ajuda para a Coreia do Norte vem atualmente do país do sul, a Coreia do Norte é considerado o país mais fechado do mundo, além de ser um Estado militarizado, com 5,8 milhões de soldados ativos e reservistas (1/4 da população do país); em 1994, assinou um acordo com os EUA, comprometendo-se a abrir mão de seu programa nuclear, até que George W. Bush incluiu o país no chamado “eixo do mal”, com Cuba, Irã e Iraque, anunciando que a Coreia do Norte havia admitido que mantinha um programa nuclear secreto para fabricar armas nucleares, pretexto utilizado para suspender as exportações de petróleo para o país asiático; a Coreia do Norte se retirou do Tratado de Não-Proliferação Nuclear – que visa conter a expansão de arsenais atômicos – e, depois de se sentar à mesa com os EUA para discutir a questão (havia anunciado que possuía plutônio suficiente para fabricar armas atômicas), larga as negociações e anuncia que dispõe da bomba atômica, o que, na visão norte-coreana, é uma salvaguarda para uma hipotética intervenção no país; recentemente, em 2006, realizou testes com mísseis (que fracassaram, segundo as agências noticiosas), mas que serviram de alerta para o mundo.; entretanto, em 2009, a Coreia do Norte realizou testes nucleares. 
Coreia do Sul: Tigre Asiático 
Coreia do Norte: país fechado (estado militarizado), realização de testes nucleares (alcance limitado dos mísseis) 
1895: rebelião contra a ocupação chinesa abre o caminho para anexação pelo Japão (impõe seu padrão cultural) Com a derrota japonesa para os aliados, a Coreias foram divididas em duas zonas militares: a do norte sob controle dos soviéticos e a do sul sob o controle dos EUA 
1947: formaram-se dois Estados, um capitalista (Coréia do Sul) e outro comunista (Coréia do Norte), mas ambos os governos não reconheciam um ao outro 
1950-53: Guerra da Coreia 
Crise Asiática de 1997 e inundações na Coreia do Norte: política de reaproximação 
2006: testes com mísseis balísticos pela Coreia do Norte 
2009: novos testes, Coreia admite ter armas nucleares 
A discussão atual entre as Coreias envolve a fronteira marítima oeste da península coreana (confrontos navais em 1999, 2002, 2009 e 2010) 
Paralelo 38: Linha de Demarcação Militar, separa os dois países, onde há uma zona desmilitarizada.


terça-feira, 20 de março de 2012

PROFESSOR DR. AZIZ AB'SABER

Sexta-feira, dia 16 de março de 2012, o Brasil perdeu um filho ilustre, em verdade, todos nós perdemos. Ab’Saber ao longo de sua vida se dedicou ao estudo da Geografia e à defesa dos nossos recursos naturais e meio ambiente. Ele revelou em um artigo logo após entrar na USP como estudante que se apaixonou pela Geografia ao fazer observações sobre o relevo e a vegetação no interior paulista quando de uma excursão da faculdade. Desde então, passou a estudar mais a fundo as interações entre a ação da natureza e a ação antrópica no meio natural. Seu interesse passou a ser geomorfologia, tornando-se emérito nessa área. Também se destacou em outros estudos sobre geologia, fitogeografia, ecologia e biologia evolutiva, desenvolvendo pesquisas sobre estes temas. Reconhecido internacionalmente, entre outros prêmios, foi agraciado em 2001 com o Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente. Nos últimos anos vinha constantemente criticando o novo Código Florestal, que ainda tramita no Congresso Nacional. Afirmava ele que toda e qualquer inovação passava necessariamente pela proteção daquilo que a natureza nos dá e faz. Para ele, o Código Florestal não contemplava – e não contempla – as características dos biomas encontrados no nosso território e muito menos respeitava – e não respeita – a importância das florestas para o equilíbrio do meio ambiente e o resultado prático da agressão que o Código propõe é a destruição dos biomas. Pelo que vemos, parece que nossos “representantes” no Congresso preferem não ouvi-lo e sim seguir seus interesses mesquinhos e pessoais. Ab’Saber se tornou consultor ambiental do PT e do ex-Presidente Lula, afastando-se posteriormente por discordar dos rumos da política ambiental tomadas pelo governo, como o apoio à usineiros e transposição do São Francisco. Também fez críticas sobre a questão do aquecimento global. Embora não negando a sua existência, dizia que a ação antrópica ainda não era suficientemente conhecida e estudada a fundo para se dimensionar os efeitos
           
Ab’Saber desenvolveu o conceito de domínios morfoclimáticos, associando as características climáticas e morfológicas dos domínios. Ele enumerou seis domínios, separados por faixas de transição, definindo os mesmos pelas características climáticas, botânicas, fitogeográficas, pedológicas e hidrológicas. A caracterização dos domínios morfoclimáticos brasileiros é uma questão antiga. Na década de 1960 foi feita uma publicação que apresentava uma classificação das regiões morfoclimáticas brasileiras seguindo uma nomenclatura exclusivamente fitogeográfica, o que restringia sua aplicação na distinção das verdadeiras províncias morfoclimáticas. Na década de 1970, Ab’Saber, procurando compreender a originalidade das grandes regiões naturais do país, percebeu que a mera classificação fitogeográfica era insuficiente. Assim, ele individualizou os domínios levando em conta as particularidades bem definidas dos mesmos e que os diferenciam, como por exemplo, a província fitogeográfica, a atuação das massas de ar, as regiões climáticas e o modelado do relevo. Mesmo que hoje sejam utilizados novos critérios para o estudo da compartimentação do relevo brasileiro, o estudo dos domínios morfoclimáticos continua atual e que permite entender a interação das paisagens naturais.

Domínio amazônico

Está sob o domínio da massa de ar equatorial continental, na faixa de convergência dos alísios – daí o clima equatorial -, o que implica intensa pluviosidade. O que mais marca esse domínio é a floresta Amazônica (Hiléia), tida como floresta tropical chuvosa ou floresta equatorial, latifoliada e de grande biodiversidade. Portanto, é um ambiente próprio para o intemperismo químico e biológico. Nela está a bacia hidrográfica do rio Amazonas e os rios amazônicos são diretamente responsáveis por processos de erosão e sedimentação. A riqueza hidrográfica da região apresenta rios de coloração diferente, por assim dizer. São rios de água preta – nascidos em áreas florestadas com solos intensamente lixiviados (rio Negro); rios de águas claras – cuja cabeceira está em áreas mais elevadas de estrutura cristalina (rio Tapajós); e rios de águas barrentas – que se originam nos Andes e que apresentam elevada carga de materiais em suspensão resultantes do trabalho erosivo, sendo ricos em nutrientes (rio Amazonas). Quanto aos solos, temos a presença de argilas lateríticas sem a formação de crosta, sendo os mesmos pouco espessos e ácidos. A riqueza dos solos está justamente na cobertura vegetal, que origina matéria orgânica decomposta. Daí que o desmatamento é uma grande ameaça a esse ecossistema. Quanto ao relevo amazônico, por muito tempo achou-se que a Amazônia fosse uma grande planície. Hoje sabemos que apenas 5% da área é composta por planícies, notadamente ao longo do rio Amazonas. Temos a presença de estruturas sedimentares em planaltos baixos, depressões e as porções elevadas de estrutura cristalina do planalto norte-amazônico (o escudo das Guianas). Por fim, é o maior bioma brasileiro.

Domínio do cerrado

Segundo maior bioma, abrange terras do Brasil central. Está sob a atuação da massa de ar equatorial, da tropical marítima (que perde boa parte de sua umidade no litoral, penetrando mais estável), da tropical continental e da polar atlântica, que eventualmente chega lá. Daí a alternância de um período chuvoso (verão) e outro seco (inverno), o que caracteriza o clima tropical típico. No que diz respeito aos solos, há formação de argilas lateríticas no período de chuvas, sendo que no período seco há o encrustamento, o que origina o solo laterítico ou crosta. São solos ácidos que requerem técnicas corretivas, como a calagem, para que a agricultura possa se desenvolver. A vegetação típica apresenta um extrato herbáceo-arbustivo, com vegetais adaptados à sazonalidade das chuvas e com áreas de solo exposto. A chuva tem impacto direto sobre o solo, não sendo absorvida por ele e ocasionando um escoamento superficial que provoca sulcos e ravinamento. O processo de intemperismo mais importante é o físico, quando a rocha é desagregada pela diferença térmica. No período chuvoso temos o intemperismo químico e bioquímico, que decompõem os minerais já desagregados. Ao longo dos cursos fluviais temos a presença de matas ciliares (matas galerias) e nos lugares mais úmidos desenvolve-se o cerradão, com árvores de maior porte. Quanto ao relevo, encontramos superfícies aplainadas, com a presença de chapadas (planalto sedimentar típico que apresenta um acamadamento estratificado e constituído em grande parte por camadas de arenito), planaltos residuais, depressões e extensas planícies fluviais, como as dos rios Araguaia e Tocantins. A rede hidrográfica tem baixa densidade, mas é no cerrado que estão as nascentes dos rios das principais bacias hidrográficas brasileiras: Amazonas, Paraná e São Francisco.

Domínio dos mares de morros

São chamadas de mares de morros as formas mamelonares resultantes do processo químico que retira as arestas das formas de relevo primitivas, arredondando-as. É típico em áreas de estrutura geológica cristalina com influência do clima tropical úmido, com intemperismo químico e bioquímico. Uma forma constante presente é de pães-de-açúcar (domos de esfoliação), que constituem vertentes íngremes e fazendo com que o material intemperizado desça, expondo a rocha. Sofre a influência direta da massa tropical marítima, com intensa pluviosidade. Também temos a presença de planícies litorâneas, formadas no período quaternário da era Cenozóica. As áreas mais elevadas, de estrutura cristalina, são de escudos antigos, escarpadas e que se originaram de falhamentos causados por tectonismo há milhões de anos. As serras presentes servem como divisores de águas e determinam o traçado dos rios (os principais são o Grande, o Paraíba do Sul, Doce e Tietê). A vegetação original era a Mata Atlântica, intensamente devastada por processos de urbanização e atividades agrícolas, não sendo hoje o principal determinante do domínio. Pouco resta da mesma, mas de qualquer maneira, o que restou nos mostra sua imensa biodiversidade, por sua densidade e heterogeneidade. Como apresenta um clima tropical úmido, com boa pluviosidade – concentrada no verão – há o risco de constantes desmoronamentos de encostas. Nas áreas mais elevadas temos também a presença de campos de altitude, onde domina o clima tropical de altitude, o que pode ocasionar, mesmo que raramente, precipitação de neve, como o ocorrido no maciço do Itatiaia.

Domínio da caatinga

A caatinga é a formação básica desse domínio. É uma vegetação adaptada ao clima seco (tropical semi-árido) e que apresenta raízes profundas (xerófitas) em solos rasos. A rede hidrográfica é intermitente (rios temporários) e os leitos são rasos, o que pode ocasionar enchentes quando do período chuvoso. Nas áreas mais elevadas, sujeitas às chuvas de relevo no interior do domínio, temos a presença de brejos, áreas mais úmidas. Em razão da escassez de chuvas pela irregular atuação das massas de ar, o balanço da evapotranspiração é negativo, isto é, na maior parte do ano a evaporação é maior que a precipitação. Por ser uma região mais seca, o processo de intemperismo dominante é o físico, com desagregação mecânica das rochas e o escoamento é superficial. A estes processos soma-se o intemperismo bioquímico. A desagregação mecânica resulta da intensidade da insolação sobre as rochas e da amplitude térmica entre o período diurno e o noturno. Nas regiões semi-áridas (sertão nordestino, Polígono das Secas), a vegetação é aberta, o que favorece a lavagem superficial dos solos resultando em extensos pedimentos (formação resultante do material transportado pelas encostas das vertentes que se depositam em forma de leque) e inselbergs (resultantes da erosão diferencial, são morros e maciços isolados formados por rochas remanescentes de um clima mais árido). Pela escassez de chuvas, pela natureza dos solos e da vegetação, temos um domínio muito suscetível a processos de desertificação. A ocupação humana potencializa o processo através de atividades agrícolas irrigadas, pastoreio e mineração, fragilizando ainda mais o ecossistema.

Domínio das araucárias

 Está situada na porção sul do território brasileiro, sobre a Bacia do Paraná, com clima subtropical úmido que se caracteriza por maiores amplitudes térmicas, chuvas bem distribuídas com máximas no inverno, com ocorrência de geadas e podendo haver precipitação de neve nas áreas mais elevadas do planalto. A mata de araucária (subtropical) que se desenvolve sobre o planalto está associada aos solos férteis resultantes da decomposição do basalto, porém, são solos ácidos. A colonização agrícola se encarregou de transformar a mata em áreas de cultivo ou de extração de madeira. A estrutura geológica do planalto é sedimentar-basáltica e as formas de relevo abrangem planaltos e chapadas. A hidrografia apresenta duas grandes bacias: a do Paraná e a do Uruguai, com grande potencial hidrelétrico e grande aproveitamento do mesmo.

Domínio dos campos

Também podem ser chamados de pradarias, correspondendo ao extremo sul do país, com clima subtropical úmido. É a campanha gaúcha ou pampa. As atividades agropecuárias são bem desenvolvidas. A pecuária em razão de campos levemente ondulados (coxilhas). A agricultura em razão do solo de brunizens, resultantes da decomposição de rochas ígneas e sedimentares. O relevo é dominado por coxilhas, pequenas colinas arredondadas, típicas da depressão riograndense, sendo as mesmas recobertas por uma vegetação rasteira e herbácea (gramíneas). Nas partes mais baixas das vertentes das coxilhas, onde ocorre afloramento de água, existem formações arbóreas chamadas capões, e também matas-galeria ao longo dos cursos fluviais. No sudoeste gaúcho temos a Cuesta do Haedo (cuesta é uma forma de relevo dissimétrica, constituída de um lado por um perfil côncavo ou convexo (frente ou front da cuesta) e de outro por um planalto suavemente inclinado). Os rios do domínio ou correm em direção ao rio Uruguai (Bacia do Uruguai) ou em direção ao rio Jacuí (Bacia do Sudeste).
                                                
Faixas de transição

As faixas de transição são áreas onde coexistem elementos de dois ou mais domínios morfoclimáticos, ou seja, onde há a interação desses elementos sem caracterizar um domínio específico. São os ecótonos. Como destaque, temos o Pantanal Mato-grossense e a Mata dos Cocais. O Pantanal está na região de atuação do clima tropical típico, em uma extensa planície ligada à Bacia do Paraguai. Os terrenos têm pouca declividade e na época das chuvas alagam suas margens e além das mesmas, tornando o pantanal a maior planície inundável do mundo. Os rios que drenam a região trazem um grande fluxo de nutrientes, sendo responsáveis pela diversidade e densidade da fauna. Os solos são alagadiços e de baixa fertilidade, predominado a atividade pecuária. A vegetação do Pantanal é tida como complexa e heterogênea e apresenta características presentes nos demais domínios. Os grandes problemas desse ecossistema são: a atividade pecuária que permite a disseminação de doenças para a vida silvestre, a caça predatória e o contrabando associado e o desmatamento, assoreando os rios, o que acaba por ampliar as áreas de inundação ameaçando a fauna. A Mata dos Cocais está situada entre os estados do Maranhão e Piauí, sendo a transição dos domínios amazônico, dos cerrados e da caatinga. A principal atividade econômica está no extrativismo vegetal de babaçu e carnaúba.


No que diz respeito ao relevo brasileiro, compartimentou o relevo basicamente entre planaltos e planícies, caracterizados por superfícies expostas respectivamente a processos erosivos e de deposição; as unidades receberam denominações regionais, e não geológicas, sem que se desconsiderasse a importância do estudo das rochas para a caracterização de cada uma delas; os Planaltos de estrutura sedimentar apresentam muitas chapadas (formas de relevo moldadas em rochas sedimentares, do que resulta a feição tabular, a superfície mais ou menos plana e encostas abruptas); já as elevadas altitudes do Planalto das Guianas e das serras e planaltos do Sudeste se explicam pela intensa atividade tectônica antiga e pela presença de rochas cristalinas, mais resistentes à erosão; a classificação de Ab’Saber foi elaborada com base na estrutura geológica e na influência dos climas atuais sobre a atuação dos processos geomorfológicos.




segunda-feira, 12 de março de 2012

O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - 2011

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tem passado por mudanças metodológicas em relação aos anos anteriores. Assim, o Brasil, que tinha, por exemplo, um IDH de 0,813, estando na 73ª posição, em 2011 passou para 84ª posição, com um IDH de 0,718, considerado um IDH alto.

O IDH é composto tem três dimensões - saúde, educação e padrão de vida - e quatro indicadores - Esperança de vida ao nascer, a média de anos de escolaridade e anos esperados de escolaridade e renda nacional bruta per capita. 

O Brasil aparece entre os países considerados de "Desenvolvimento Humano Elevado" (que pode aparecer também como alto), a segunda melhor categoria do ranking, que tem 47 países com "Desenvolvimento Humano Muito Elevado" (acima de IDH 0,793 – muito alto), além de 47 de "Desenvolvimento Humano Médio" (entre 0,522 e 0,698) e 46 de "Desenvolvimento Humano Baixo" (abaixo de 0,510).

No ano passado, o Brasil aparecia classificado como o 73º melhor IDH de 169 países, mas, segundo o Pnud, o país estaria em 85º em 2010, se fosse usada a nova metodologia. Desta forma, pode-se dizer que em 2011 o país ganhou uma posição no índice em relação ao ano anterior, ficando em 84º lugar.

A expectativa de vida é de 73,5 anos. 

Renda per capita de U$ 10,162. 

Quanto à escolaridade, uma criança que entra na escola hoje irá estudar 13,8 anos em média (expectativa de vida escolar), o dobro de quem já estudou e hoje é adulto, mas a escolaridade média é de 7,2 anos. 

O destaque no caso brasileiro é para a renda, que aumentou 40% desde 1980. No mesmo tempo, a expectativa de vida aumentou em 11 anos; a média de anos de escolaridade aumentou em 4,6 anos, mas o tempo esperado de escolaridade diminuiu.

Os países de maior IDH são: Noruega, Austrália, Holanda, Estados Unidos e Nova Zelândia. 

Os países de pior IDH são africanos (em ordem decrescente): Chade, Moçambique, Burundi, Níger e República Democrática do Congo. 

Na América Latina, temos à frente do Brasil o Chile (44º), Argentina (45º), Uruguai (48°), Cuba (51º), México (57º), Panamá (58º), Antígua e Barbuda (60º), Trinidad e Tobago (62º), Granada (67º), Costa Rica (69º), Venezuela (73º), Peru (80º) e Equador (83º). 

Além do valor usado tradicionalmente para indicar o desenvolvimento humano de cada país, o relatório deste ano apresenta novos índices: IDH Ajustado à Desigualdade, Índice de Desigualdade de Gênero e Índice de Pobreza Multidimensional. 

O IDH ajustado à desigualdade faz um retrato mais real do desenvolvimento do país, ajustando às realidades de cada um deles. Com isso, o IDH tradicional passa a ser visto como um desenvolvimento potencial. Levando a desigualdade em conta, o Brasil perde, em 2011, 27,7% do seu IDH tradicional. O componente renda (dentre renda, expectativa de vida e educação) é que mais influi nesse percentual. 

No índice de desigualdade de gênero, o Brasil fica em patamar intermediário quando comparado com os BRICS. O índice brasileiro é de 0,449. A Rússia tem 0,338; a China, 0,209; a África do Sul, 0,490%; e a Índia, 0,617%. 

Já o Índice de Pobreza Multidimensional é uma forma nova, mais ampla, de verificar quem vive com dificuldades. No lugar da referência do Banco Mundial, que considera que está abaixo da linha de pobreza quem ganha menos de US$ 1,15 por dia, o novo índice aponta privações em educação, saúde e padrão de vida. 

Quanto ao Índice GINI, que mede a concentração de renda (quanto mais próximo de 1 maior a desigualdade social) e num universo de 129 países os piores são Colômbia, Haiti e Angola.

quarta-feira, 7 de março de 2012

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Estamos em 8 de março de 1857, em uma fábrica de tecidos na cidade de Nova Iorque. Dezenas de mulheres iniciam uma greve reivindicando melhores condições de trabalho, tais como redução da jornada de trabalho para 10 horas - eram obrigadas a trabalhar até 16h/dia -, e equiparação salarial com os homens - recebiam o equivalente a um terço do salário masculino -, enfim, dignidade. A repressão foi violenta. As mulheres foram trancafiadas em um galpão e em seguida foi ateado fogo no mesmo, matando cerca de 130 operárias. Um incêndio criminoso e covarde. Ficou marcado esse dia, muitos anos depois, como o Dia Internacional da Mulher. 
Estamos em 8 de março de 2012. O que mudou? Muitas coisas foram conquistadas, o direito de votar e ser votada, leis para dar maior proteção (sic), licença maternidade, etc. Mas a mulher ainda recebe menos que o homem (aqui no Brasil cerca de 70%) e ainda sofre muitas outras discriminações. Em países como a Arábia Saudita, uma ditadura familiar anacrônica, seus direitos são mínimos (não pode dirigir, deve seguir sempre atrás do homem, entre outras barbaridades). Cabe aqui um breve comentário: os EUA diziam querer levar a democracia aos países árabes quando da invasão do Iraque e seu maior aliado entre eles é a... Arábia. 
Poderia me estender aqui e fazer uma série de outras reflexões. Mas minha pretensão é menor. Só quero que as pessoas reflitam um pouco nesse dia sobre a igualdade, necessária em uma sociedade que já se diz igual mas não é, em nenhum sentido. 

Reproduzo abaixo "Mulheres de Atenas", composta em 1976 por Chico Buarque de Hollanda e Augusto Boal. Para mim, um marco. 

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas 
Quando amadas, se perfumam 
Se banham com leite, se arrumam 
Suas melenas 
Quando fustigadas não choram 
Se ajoelham, pedem, imploram 
Mais duras penas 
Cadenas 

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas 
Sofrem por seus maridos, poder e força de Atenas 
Quando eles embarcam, soldados 
Elas tecem longos bordados 
Mil quarentenas 
E quando eles voltam sedentos 
Querem arrancar violentos 
Carícias plenas 
Obscenas 

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas 
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas 
Quando eles se entopem de vinho 
Costumam buscar o carinho 
De outras falenas 
Mas no fim da noite, aos pedaços 
Quase sempre voltam pros braços 
De suas pequenas 
Helenas 

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas 
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas 
Elas não têm gosto ou vontade 
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas 
Não têm sonhos, só têm presságios 
O seu homem, mares, naufrágios 
Lindas sirenas 
Morenas 

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas 
Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas 
As jovens viúvas marcadas 
E as gestantes abandonadas 
Não fazem cenas 
Vestem-se de negro, se encolhem 
Se conformam e se recolhem 
Às suas novenas 
Serenas 

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas 
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas